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Vol. 33. Núm. 4.
Páginas 255-257 (Abril 2014)
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Páginas 255-257 (Abril 2014)
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Uma teia de aranha no coração
A spiderweb in the heart
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Rita Salvadoa,
Autor para correspondência
ritasalvadom@gmail.com

Autor para correspondência.
, Mafalda Guimarãesa, Miguel Araújob, Diogo Costac, José Araújod
a Serviço de Medicina III, Hospital José de Almeida, Cascais, Portugal
b Serviço de Medicina I, Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, Lisboa, Portugal
c Serviço de Oncologia Médica, Instituto Português de Oncologia, Lisboa, Portugal
d Serviço de Medicina, Hospital Beatriz Ângelo, Loures, Portugal
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Homem, 58 anos, imunocompetente, antecedentes pessoais de úlcera péptica e hipotensão ortostática. Referenciado para internamento por cardiologista assistente. Tinha iniciado um mês antes dor torácica pleurítica, febre (máximo de 38,5°C), anorexia e derrame pericárdico (12mm). Realizara seis dias de ácido acetilsalicílico (1g 6/6h) por possível pericardite, sem melhoria. Na admissão hospitalar destacavam‐se ainda ortopneia com hipoxemia (pO2=59,5mmHg, em ar ambiente), derrame pleural bilateral (exsudado com predomínio de células linfocitárias), anemia normocitica normocrómica (hemoglobina=11,5g/dL), PCR=19,2mg/dL e VS=120mm/h. O eletrocardiograma evidenciava ritmo sinusal e diminuição difusa da voltagem. Internado para esclarecimento do quadro foi instituída terapêutica de suporte com paracetamol em caso de febre, oxigénio suplementar e cinesioterapia respiratória. Dois dias depois novo ecocardiograma revelou filamentos de fibrina organizados em «teia de aranha» (Figura 1). Foi submetido a pericardiocentese; a biópsia mostrou infiltrado inflamatório e fibrina (Figura 2). As serologias foram positivas para parvovírus B19: IgM=6,04Ua/mL (<1,0) e IgG=4,41Ua/mL (<1,0). As restantes serologias, culturas de sangue, urina e líquido pleural, bem como os marcadores de autoimunidade foram negativos. Teve alta ao 28.° dia de internamento com melhoria completa do quadro clínico, radiológico e analítico. No follow up a três anos, o doente permanece sem sinais de patologia do foro oncológico, infecioso ou autoimune.

Figura 1.

Rede organizada de fibrina no pericárdio. Apical quatro câmaras (a) rotação angular de apical para o apéx (b).

(0,14MB).
Figura 2.

Amostra histológica a) pericardite fibrinosa (hematoxilina‐eosina x100); b) Líquido pericárdico hemático com citologia negativa para malignidade (hematoxilina‐eosina x100); c) pericárdio com células mesoteliais com hiperplasia/atipia (calretinina x100); d) infiltrado inflamatório com numerosos macrófagos (CD 68x100).

(0,28MB).

A infeção por parvovírus B19 é comum. Nos adultos é, na maioria das vezes, assintomática. É uma causa conhecida de pericardite, no entanto, é raro atingir uma gravidade significativa em doentes imunocompetentes.

Responsabilidades éticasProteção de pessoas e animais

Os autores declaram que para esta investigação não se realizaram experiências em seres humanos e/ou animais.

Confidencialidade dos dados

Os autores declaram ter seguido os protocolos de seu centro de trabalho acerca da publicação dos dados de pacientes e que todos os pacientes incluídos no estudo receberam informações suficientes e deram o seu consentimento informado por escrito para participar nesse estudo.

Direito à privacidade e consentimento escrito

Os autores declaram ter recebido consentimento escrito dos pacientes e/ ou sujeitos mencionados no artigo. O autor para correspondência deve estar na posse deste documento.

Conflito de interesses

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

Agradecimentos

Os autores agradecem a todos os elementos do Serviço de Cardiologia do Hospital Dr. José de Almeida, especialmente à técnica Élia Baptista, pela sua colaboração na preparação das imagens de ecocardiograma. Uma palavra ainda para a Dra. Ana Paula Martins (Departamento de Anatomia Patológica do Hospital de Santa Cruz) pela análise histológica das biópsias epicárdicas e pericárdicas.

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