A nossa Cardiologia perdeu um Homem de extraordinárias qualidades, que a doença, na sua faceta mais consumptiva do corpo e da alma, nos levou este mês de maio. No mês do Coração, o desaparecimento do Dr Fernando Matias deixa‐nos mais pobres. A sua dedicação aos doentes, aos imensos colegas e a todos os profissionais com que trabalhou ao longo da sua longa carreira, representa um exemplo do que deve ser a prática clínica, num percurso de relevo hospitalar, que passou pelos hospitais de Garcia de Orta, onde fez a sua formação em Cardiologia e Intervenção Hemodinâmica, da Cruz Vermelha, destacando‐se na representação incansável do Centro do Coração e de Vila Franca, com uma imensa e invulgar dinâmica, que quem teve o privilégio de conviver com a sua crescente energia não pode (nem deve) esquecer.
A sua longa atividade é digna do maior reconhecimento. Muitos tiveram essa boa experiência do convívio simples e honesto com a sua entrega à missão, e dizem‐me hoje com emoção que relembrar o hemodinamista Fernando Matias é sentir humanismo associado a profissionalismo e competência.
Nos anos privilegiados em que trabalhámos juntos, também aprendi e partilhei experiência, num ambiente profícuo e sempre enriquecedor, envolvendo toda a equipa, respeitando limites, e tendo sempre como foco o doente e a instituição.
Todos reconhecemos o seu imenso valor e a suprema capacidade de sentir o doente, ouvi‐lo, compreender as suas mágoas e dúvidas, tratá‐lo, sabendo consolar e incentivar para alcançar os melhores resultados.
É assim que se faz Medicina. É assim que devemos recordar o clínico Dr Fernando Matias.
Obrigado amigo.
Bem hajas.